Melhores Pandeiros Para Tocar Chorinho: Pele Animal ou Sintética?

Juliana Lima Silva
Juliana Lima Silva
10 min. de leitura

Encontrar o pandeiro certo para tocar chorinho não é apenas uma questão de marca, mas de entender a física do som e a ergonomia do instrumento. O Choro exige uma cadência rápida, refinada e, acima de tudo, um timbre "seco" e preciso.

Diferente do samba-enredo, que pede volume e projeção explosiva, o choro demanda sutileza nas pontas dos dedos e um instrumento que não cause fadiga excessiva após trinta minutos de roda.

Muitos iniciantes cometem o erro de comprar pandeiros pesados de acrílico ou modelos com platinelas de aço estridentes, que destroem a nuance necessária para o gênero. Neste guia, analisamos 7 opções disponíveis no mercado, separando o que serve para o estudo sério daquilo que é apenas brinquedo.

Você verá modelos com pele de cabra tradicional para puristas e versões sintéticas que, com o ajuste certo, entregam durabilidade e bom som.

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Pele Animal ou Sintética: O Que o Choro Exige?

A escolha entre pele animal (geralmente cabra) e sintética (nylon ou leitosa) define a alma do seu som no chorinho. A pele de cabra é a escolha tradicional e preferida pelos mestres do gênero.

Ela oferece uma resposta mais grave, quente e orgânica. A textura natural permite tirar sons de "arraste" com o polegar e ponta dos dedos que são assinaturas do estilo. Além disso, a pele animal tem um sustain (tempo que o som dura) naturalmente menor, facilitando a execução daquele som "seco" e curto que marca o ritmo sem embolar a melodia.

Por outro lado, a pele sintética tem ganhado espaço pela praticidade. Ela não desafina com mudanças de temperatura ou umidade, o que é um pesadelo para quem usa pele animal em dias chuvosos.

No entanto, peles sintéticas tendem a ter harmônicos mais brilhantes e um som mais "aberto". Para usar um pandeiro de nylon no choro, você quase sempre precisará usar abafadores ou fitas na parte interna para controlar o excesso de ressonância e aproximar o timbre da sonoridade clássica do couro.

Análise: Os 7 Melhores Pandeiros para Tocar Chorinho

1. Pandeiro 10 polegadas ABS Preto com Pele de Cabra

Este modelo representa um híbrido interessante para o estudante de choro: combina o corpo em ABS, que é resistente a quedas e variações climáticas, com a pele de cabra, essencial para a sonoridade autêntica do gênero.

O corpo em ABS costuma ser ligeiramente mais leve que algumas madeiras nobres e maciças, o que ajuda na ergonomia. A pele de cabra instalada aqui oferece aquela resposta tátil superior para os graves (o "dum") e os tapas secos, sem o brilho artificial do plástico.

Este pandeiro é ideal para quem busca o som "raiz" do choro mas precisa de um instrumento de batalha, que possa ser levado na mochila sem o medo constante de rachar o corpo de madeira.

A combinação de platinelas (provavelmente de folha de flandres ou metal genérico, dado o padrão desta faixa) com a pele animal equilibra bem as frequências. No entanto, verifique a qualidade das tarraxas ao receber, pois modelos de entrada em ABS podem ter ferragens que espanam com o tempo se forçadas demais na afinação.

Prós
  • Pele de cabra proporciona timbre autêntico e quente.
  • Corpo em ABS oferece alta durabilidade contra impactos.
  • Custo-benefício atrativo para iniciantes no choro.
Contras
  • Platinelas genéricas podem não ter o som seco ideal.
  • Ferragens podem adicionar peso desnecessário.

2. Zaidan Pandeiro 10 polegadas para Samba e Choro

A Zaidan é uma marca que costuma ter um olhar mais atento às necessidades de músicos que transitam entre o samba de mesa e o choro. Este modelo de 10 polegadas se posiciona como uma opção versátil.

Ao ser rotulado para "Samba e Choro", ele indica uma construção que busca o equilíbrio: não é tão pesado e barulhento quanto um pandeiro de bateria de escola de samba, mas mantém volume suficiente para uma roda acústica.

O tamanho de 10 polegadas é o padrão ouro; qualquer coisa maior seria desajeitada para as levadas rápidas do choro.

Este instrumento é a escolha perfeita para o percussionista "curinga", aquele que toca em grupos variados e não quer carregar dois pandeiros diferentes. A construção deve permitir uma afinação média-alta, ideal para destacar as platinelas nas conduções rítmicas.

Se as platinelas forem de latão (comum em linhas superiores dessa categoria), você terá um som mais nobre e menos estridente. Caso sejam de inox, o som será mais brilhante, exigindo controle na mão esquerda.

Prós
  • Versatilidade para atuar em Samba e Choro.
  • Tamanho padrão de 10 polegadas ideal para manuseio.
  • Potencial para melhor qualidade de platinelas.
Contras
  • Pode exigir abafamento extra para choros mais intimistas.
  • Preço pode ser superior a modelos de estudo básicos.

3. Pandeiro 08 polegadas Injetado com Pele Animal

O tamanho de 8 polegadas coloca este pandeiro numa categoria muito específica. Embora a pele animal garanta uma qualidade de timbre aceitável, o diâmetro reduzido limita fisicamente a produção de graves profundos.

No choro, o grave do pandeiro muitas vezes "desenha" a base rítmica junto com o violão de 7 cordas. Com 8 polegadas, você perde essa profundidade, resultando em um som mais médio-agudo.

Entretanto, este modelo brilha em cenários específicos: é imbatível para crianças que estão iniciando a musicalização no choro ou para adultos com mãos pequenas que sentem dores articulares com modelos de 10 polegadas.

Também serve como um excelente "pandeiro de viagem" para estudo técnico em quartos de hotel ou apartamentos, onde o volume menor é uma vantagem, não um defeito. Não espere, contudo, usá-lo em uma roda profissional sem microfonação.

Prós
  • Extremamente leve e portátil.
  • Ideal para crianças ou mãos pequenas.
  • Pele animal mantém a textura correta do som.
Contras
  • Falta de graves profundos devido ao diâmetro pequeno.
  • Volume acústico baixo para rodas com muitos instrumentos.

4. Pandeiro Profissional RMV 10 polegadas Pele Leitosa

A RMV é uma gigante na fabricação de instrumentos de percussão no Brasil e seus modelos "Profissionais" geralmente entregam uma estrutura muito confiável. Este modelo vem com pele leitosa (sintética), o que garante uma durabilidade extrema e resistência total à umidade.

As platinelas da RMV costumam ter uma projeção alta. O corpo é projetado para aguentar tensão, permitindo afinações bem altas se necessário.

Para o chorinho, este pandeiro exige intervenção. A pele leitosa "pura" soa muito aberta e moderna, fugindo da estética tradicional. Este modelo é recomendado para músicos que tocam em bares, praias ou ambientes abertos onde a pele de cabra perderia a afinação em minutos.

Você deve aplicar fita adesiva ou um pedaço de espuma na parte interna da pele para "secar" o som. Com esse ajuste, ele se torna uma ferramenta de trabalho robusta e confiável.

Prós
  • Alta durabilidade e resistência à umidade.
  • Estabilidade de afinação superior.
  • Corpo leve, reduzindo fadiga.
Contras
  • Som natural muito brilhante para o choro tradicional.
  • Exige abafamento (fita/espuma) obrigatório para o gênero.

5. Pandeiro Batuka 10 polegadas ABS com Pele Leitosa

A linha Batuka é a série de entrada da Luen, focada massivamente em iniciação musical e custo-benefício. Este é um pandeiro de ABS com pele leitosa, desenhado para ser o primeiro instrumento de um estudante.

Ele é leve, o que é um ponto positivo crucial para quem está desenvolvendo a musculatura do antebraço e aprendendo o movimento de rotação do pulso.

Sua limitação está na sonoridade das platinelas e na complexidade do timbre. Geralmente, as platinelas são de chapa de aço mais simples, produzindo um som mais "latido" e com menos definição entre o som aberto e fechado.

Para quem quer apenas aprender a mecânica dos movimentos do choro sem gastar muito, ele funciona perfeitamente. Mas, à medida que seu ouvido ficar mais crítico, você sentirá falta de sutileza e provavelmente desejará um upgrade em menos de um ano.

Prós
  • Preço muito acessível.
  • Leveza facilita o aprendizado da técnica.
  • Manutenção zero.
Contras
  • Timbre das platinelas é pobre e metálico demais.
  • Acabamento simples, focado apenas em funcionalidade.

6. Pandeiro Torelli Injetado TP301 10 polegadas

O Torelli TP301 é um clássico das escolas de música e lojas de instrumentos. Sendo injetado (corpo em plástico/ABS), ele mantém uma padronização industrial rigorosa. Você sabe exatamente o que está comprando: um instrumento reto, sem empenamentos e com ferragens honestas.

As tarraxas da Torelli costumam ser funcionais e aguentam bem a tensão necessária para esticar a pele sintética.

Para o choro, o TP301 sofre do mesmo mal dos outros modelos sintéticos: excesso de harmônicos. No entanto, a estrutura dele é uma excelente base para customização ("modding"). Muitos percussionistas compram este modelo, trocam as platinelas originais por jogos de latão feitos por luthier e aplicam abafamento na pele.

O resultado é um pandeiro personalizado, leve e com som profissional, gastando menos do que um modelo de luthier completo.

Prós
  • Base excelente para customização.
  • Ferragens confiáveis para a faixa de preço.
  • Padrão de construção consistente.
Contras
  • Platinelas originais são genéricas.
  • Estética visual simples.

7. Pandeiro Profissional 10 polegadas Web Music Shop

Este produto aparece como uma opção "white label" ou de marca própria de loja. O termo "Profissional" no título deve ser analisado com cautela. Geralmente, esses kits buscam oferecer um visual mais acabado ou acessórios inclusos para atrair o comprador.

Se o corpo for de madeira (o que é comum nessas ofertas para diferenciá-las dos modelos de ABS), você ganha em estética e ressonância do corpo.

Este pandeiro é indicado para o hobbista que toca em casa e valoriza a aparência do instrumento tanto quanto o som. A madeira tende a oferecer um grave mais aveludado que o ABS. No entanto, a falta de especificações claras sobre a liga metálica das platinelas sugere que elas sejam de aço padrão.

É uma aposta segura para presentear ou para quem toca casualmente, mas pode carecer da precisão técnica exigida por um chorão profissional.

Prós
  • Possível construção em madeira (melhor ressonância).
  • Visual geralmente mais atrativo que modelos de plástico.
  • Pacote acessível.
Contras
  • Origem dos componentes (pele/platinelas) incerta.
  • Pode ser mais pesado que os modelos injetados.

Peso e Ergonomia: Evitando Lesões no Pulso

No mundo do choro, o peso do pandeiro não é apenas um detalhe; é o fator determinante para a longevidade da sua prática. As levadas de choro são contínuas, rápidas e repletas de floreios.

Um pandeiro pesado (acima de 500g ou 600g) cria uma alavanca terrível contra o seu pulso, levando rapidamente a casos de tendinite e LER (Lesão por Esforço Repetitivo).

Para o estudo e a prática profissional do choro, busque pandeiros que pesem entre 300g e 450g. Modelos de luteria costumam ser otimizados para atingir pesos mínimos, usando madeiras leves e ferragens reduzidas.

Nos modelos industrializados listados acima, os de ABS levam vantagem. Se você optar por um modelo que sente pesado, considere remover uma platinela de cada jogo (se possível) ou trocar as tarraxas de aço por modelos de alumínio para aliviar a carga.

Como Ajustar a Afinação para um Som Seco

  • Aperte as tarraxas em cruz (como se troca pneu de carro) para garantir tensão igual em toda a pele.
  • Para peles sintéticas, cole um pedaço de fita crepe ou fita isolante na parte de baixo da pele, próximo à borda, para matar os harmônicos e reduzir o sustain.
  • Se as platinelas chiarem demais, coloque um pequeno pedaço de fita adesiva entre elas ou use um ímã minúsculo para frear a vibração excessiva.
  • No choro, a afinação não deve ser nem frouxa (som de surdo) nem esturricada (som de tamborim); busque um médio grave que permita ouvir a nota fundamental do instrumento.

Madeira vs ABS: Durabilidade e Sonoridade

A madeira é o material nobre. Ela vibra junto com a pele, colorindo o som com frequências quentes e complexas. No entanto, é um material vivo: reage à umidade, pode empenar se mal armazenado e racha se cair no chão.

Um pandeiro de madeira exige cuidado, como um violino. É a escolha para gravações e apresentações em ambientes controlados.

O ABS (plástico de engenharia) e outros polímeros injetados são os tanques de guerra da percussão. O som é mais focado na projeção frontal e menos na ressonância do corpo, o que alguns puristas chamam de som "frio".

Porém, a estabilidade é imbatível. Você pode levar um pandeiro de ABS para a praia, esquecê-lo no carro sob o sol e ele continuará redondo e afinado. Para o dia a dia de estudos e rodas informais, o ABS vence pela praticidade.

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